Nas últimas semanas, os coletes laranja da Defesa Civil se tornaram onipresentes no Rio Grande do Sul, conforme se desenrolava o que já se tornou o maior desastre climático em número de atingidos na história do paÃs. Nos municÃpios gaúchos mais afetados pelas chuvas, a peça é traje quase obrigatório para prefeitos e até para o governador Eduardo Leite (PSDB) – que trocou sua foto de perfil nas redes sociais por uma imagem utilizando a vestimenta assim que o desastre começou a mostrar sua dimensão sem precedentes.
Mas, por trás dos coletes prestigiados, está uma estrutura de Defesa Civil precária, com baixo orçamento, falta de quadros qualificados, com o comando de aliados polÃticos sem nenhuma experiência prévia no tema, principalmente em pequenas cidades, ou nas mãos de militares, embora seja uma instituição civil.
A Agência Pública analisou o orçamento empenhado para a Defesa Civil por esses municÃpios e pelo estado nos últimos três anos. Em boa parte das cidades mais afetadas, o valor destinado para ações da Defesa Civil não representa mais do que 0,01% do orçamento total – e só sobe quando desastres já ocorreram e o municÃpio recebe ajuda estadual ou federal para dar resposta aos danos.
Por que isso importa?
Desastres como o do Rio Grande do Sul vão se tornar mais frequentes com mudanças climáticas.
Defesa Civil deveria articular desde prevenção a desastres até a recuperação, mas sistema não funciona como deveria.
“Muitas vezes, a Defesa Civil é criada só para falar que existe, mas não se dá condição nenhuma para ela funcionar, muito pelo contrário: as ações dos próprios governos só vão aumentar as condições de risco de um desastre. Quando ele acontecer, a Defesa Civil vai ser incapaz de coordenar as ações de respostaâ€, aponta o coordenador do estudo, o sociólogo e pesquisador do Cemaden Victor Marchezini.